Assuma a responsabilidade por seus fracassos.
Algo comum nos relacionamentos é encontrarmos pessoas que
culpam o parceiro por fracassos e frustrações suas, jogando nele a
responsabilidade por sua infelicidade.
Convivem por anos acumulando pequenas frustrações,
abrindo mão de mais coisas do que gostariam, deixando de realizar atividades
que proporcionavam prazer e alimentavam sua autoestima, sempre em nome do
casal: já que o outro não gosta disso, para evitar brigas, abre-se mão do
desejo.
Isso pode ser uma grande armadilha.
Com o tempo esses espaços vazios vão se avolumando,
causando cada vez mais uma sensação de incompletude e insatisfação
generalizada, que acaba por interferir em outras áreas da vida pessoal.
Ao abrirmos mão de algo em nome do casamento, temos que
ter a consciência da escolha que estamos fazendo no momento, se é isso
realmente o que queremos, ou se não há outra saída alternativa.
A relação a dois exige concessões, é claro, pois agora
não estamos mais sozinhos para tomar decisões.
O outro deve ser levado em consideração na maioria dos
assuntos, e muitas vezes aceita fazer algo que nem queria, mas com os
argumentos do cônjuge acaba sendo convencido e muda de ideia.
Na maioria das vezes, não se arrepende.
Aprendemos muito através da convivência a dois, nosso
parceiro pode nos abrir horizontes antes não imaginados ou temidos por serem
desconhecidos.
O problema aparece quando um está sempre abrindo mão de
seus desejos em função do outro que não se dispõe a acompanhá-lo em certas
situações ou que não o apóia quando este precisa de uma confirmação ou um
incentivo.
Se ficar dependendo da posição do outro para a realização
do que quer, corre o risco de deixar muitas realizações para trás, e o pior,
culpar eternamente o cônjuge por sua incapacidade de enfrentar as coisas
sozinho.
Vamos a um clássico exemplo muito citado pelos casais que
atendo: um gosta de dançar, o outro não.
Acabam nunca saindo para dançar porque chega a ser algo
desagradável acompanhar o parceiro que nem o ritmo da música consegue seguir.
O que fazer?
Bem, em primeiro lugar tente convencê-lo a fazer umas
aulas de dança, pois pode ser que ele acabe pegando o gosto por algo que, por
não saber fazer, encara com má vontade e rejeita.
Isso é o tipo da coisa que aproxima os casais: um
ambiente onde todos estão no mesmo barco, aprendendo, divertindo-se, ouvindo
música, relaxando o corpo, deixando a sensualidade aparecer, o que pode ser uma
ótima oportunidade de aumentar a intimidade do casal.
Agora, se mesmo com a tentativa o interesse não for
despertado no outro, então... vá você sozinho!
Por que não?
Escolha um lugar adequado onde possa satisfazer sua
vontade de vez em quando, a fim de não guardar essa frustração dentro de si
pelo resto da vida.
O parceiro é ciumento?
Bem, ele terá que lidar com isso.
Muitos outros são os "desencontros" comuns na
vida a dois, o que nos força a estar sempre negociando alternativas para nos
adequarmos uns aos outros.
Mas lembre-se sempre de olhar para dentro de si e checar
qual a sua parcela de responsabilidade na realização de algo, antes de jogá-la
nas costas do cônjuge.
Marina Vasconcellos (psicóloga)